Sobre o ato de (des)engajamento nas artes visuais

desde os desastres da guerra aos nossos tempos

Autores

  • Miloš Ćipranić Universidade de Belgrado
  • Daniela Dias Ortega Universitat Pompeu Fabra - UPF

Palavras-chave:

Arte, Engajamento, Pintura, fenomenologia

Resumo

O artigo quer saber se uma pintura pode ser considerada uma forma de engajamento social. Jean-Paul Sartre, Emmanuel Levinas e Maurice Merleau-Ponty forneceram as razões para a resposta negativa ou pelo menos cética nos tempos em que a questão do engajamento estava explícita e decididamente entrando no espaço da fenomenologia. As artes visuais em suas configurações não podem ser atividades socialmente engajadas no sentido forte da palavra, afirmam eles. Contra-exemplos que desafiam essa posição podem ser encontrados na tradição da pintura espanhola e iugoslava, principalmente nas obras de Francisco Goya e Đorđe Andrejević Kun. O significado de uma obra pictórica é inerente a ela de forma que sempre permanece “amarrada” em sua estrutura material. A presente exposição quer mostrar que a consideração fenomenológica da relação entre as expressões verbais e não verbais no que diz respeito à questão do (des)engajamento se baseia principalmente no discurso antitético, repleto de figuras de contraste. O testemunho visual não esconde nada em um sentido forte, mas a arte socialmente engajada deve manter uma contagem da tensão entre o ético e o estético, porque a irracionalidade ou má intenção de um determinado ato deve ser neutralizada ou bloqueada pela exibição de suas consequências através da estrutura organizada de uma obra de arte eficaz e bem-sucedida, isto é, através de formas lindamente arranjadas. O ato visual mudo não deixa espaço não para o encanto, mas para o mistério, o que novamente estimula reflexões em que não há lugar para respostas unilaterais e claras, mas também para gaguejar de sentido. O apelo social dos pintores é um problema. O artista visual como testemunha não fala em crime ou violência, mas também não os cala.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BIHALJI-MERIN, Oto. Jo lo vi…. In: KUN, Đorđe Andrejević. (Org.). Za slobodu, Beograd, Kultura, 1946.

ČUPIĆ, Simona. Mapa grafika Za slobodu Đorđa Andrejevića Kuna. Zbornik Matice srpske za likovne umetnosti. 43, 2015.

LEVINAS, Emmanuel. La Transcendance des mots. In: Hors sujet, Montpellier: FATA MORGANA. 1987a.

LEVINAS, Emmanuel. Reality and Its Shadow., In: Collected Philosophical Papers, trans. Alphonso Lingis, Dordrecht: Martinus Nijhoff. 1987.

MERLEAU-PONTY, Maurice. The Indirect Language. In: The Prose of The World, Trans. John O’Neill, Evanston: Northwestern University Press. 1973. [“Le Langage indirect”, in: La Prose du monde, Paris: Gallimard, 1969.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Eye and Mind. In: The Primacy of Perception. Trans. Carleton Dallery, Evanston: Northwestern University Press. 1964a.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Indirect Language and the Voices of Silence. In: Signs. Trans. Richard C. McCleary, Evanston: Northwestern University Press. 1964b.

SARTRE, Jean-Paul. What Is Literature?. In: “What Is Literature?” and Other Essays. Trans. Bernard Frechtman. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1988.

SARTRE, Jean-Paul. The Wall. In: The Wall. Trans. Lloyd Alexander, New York: New Directions Publishing, 1975.

SARTRE, Jean-Paul. L’Artiste et sa conscience. In: Situations, IV. Paris: Gallimard, 1964.

SARTRE, Jean-Paul. Unprivileged Painter. In: Essays in Aesthetics. Trans. Wade Baskin, New York: Philosophical Library, 1963.

VUKSAN, Bodin. Humanističke osnove amblematske literature: (XVI–XVII vek). Beograd: Per aspera. 2008.

Downloads

Publicado

2020-12-23

Como Citar

Ćipranić , M. ., & Dias Ortega, D. . (2020). Sobre o ato de (des)engajamento nas artes visuais: desde os desastres da guerra aos nossos tempos. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 17(2), 49–62. Recuperado de https://revistafenix.emnuvens.com.br/revistafenix/article/view/940