O impacto da cultura escolar brasileira na alfabetização e letramento de crianças haitianas não falantes do português

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v20i2.1378

Palavras-chave:

alfabetização, cultura escolar, multiletramentos, direitos humanos

Resumo

O artigo analisa as experiências de professoras na alfabetização e letramento de crianças haitianas não falantes de português. Apresenta uma pesquisa exploratória e qualitativa, cujo instrumento foi a entrevista narrativa. Objetiva promover a reflexão sobre o impacto da cultura escolar neste cenário, considerando a educação comprometida com os direitos humanos. Aponta a predominância da concepção de alfabetização que privilegia o domínio do código da língua, que impõe barreiras à aprendizagem, e uma cultura escolar excludente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Sílvia Moço Aparício, Universidade Municipal de São Caetano do Sul - USCS

Possui graduação em Letras, mestrado e doutorado em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com estágio sanduíche em Didática de Língua Materna no LIDILEM (Laboratoire de Linguistique et Didactique des Langues Etrangères et Maternelle) de l`Université Stendhal Grenoble 3, na França, e pós-doutorado em Educação pela Fundação Carlos Chagas. Tem experiência docente em cursos de Pedagogia e Letras, nas áreas de Linguística Aplicada, Alfabetização, Ensino de Língua Portuguesa, Didática da Língua Materna. Também tem experiência em Educação a Distância, como tutora e autora de material didático. Atualmente é professora do Curso de Pedagogia e do Mestrado Profissional em Educação na Universidade Municipal de São Caetano do Sul (SP). É editora da Revista de Estudos Aplicados em Educação. Desenvolve pesquisas sobre os seguintes temas: formação de professores da Educação Básica, inovação no ensino de língua materna, didática de línguas, letramento e multiletramentos, desenho universal para aprendizagem. Faz parte da Rede de estudos e pesquisas sobre o desenvolvimento profissional docente (REDEP). É líder do Grupo de Pesquisa FORPREPE (Formação de Profissionais da Educação e Práticas Educativas).

Giseli Pimentel Soares, Prefeitura Municipal de Santo André

Possui graduação em Pedagogia pelo Centro Universitário São Camilo (2013); Pós graduação em Alfabetização e letramento e em Dificuldades de aprendizagem. Possui mestrado em Formação de Professores pelo Programa de Pós Graduação em Educação (PPGE) pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (2019). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Alfabetização, atuando principalmente nos seguintes temas: alfabetização e letramento, crianças haitianas, ensino de português língua estrangeira, multiletramentos e interculturalidade. Atualmente é professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Prefeitura Municipal de Santo André.

Elizabete Cristina Costa-Renders, Universidade Municipal de São Caetano do Sul -USCS

Pós Doutora (2015) e Doutora em Educação (2012) na área de Ensino e Práticas Culturais pela UNICAMP, com pesquisas desenvolvidas sobre a educação inclusiva e equitativa. Professora permanente no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (2017-atual). É líder do grupo de pesquisa ACESSI (Acessibilidade escolar e inclusão social) e membro do grupo diretor do INCLUDE - rede internacional de colaboração em pesquisa sobre o desenho universal para aprendizagem. Coordenadora do Laboratório de Práticas Educacionais Inclusivas da USCS. Em suas pesquisas, destacam-se temas como: educação inclusiva, desenho universal para a aprendizagem, epistemologias emergentes, formação de professores, educação especial na perspectiva inclusiva, universidade inclusiva. 

Referências

ACNUR. Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Disponível em https://www.acnur.org/el-acnur.html. Acesso em 20 jul. 2020.

ALEXANDRE, I. J. A presença das crianças migrantes haitianas nas escolas de SINOP /MT: o que elas visibilizam da escola? 2018. Tese (Doutorado em Sociologia) - Centro de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2018.

ALMEIDA FILHO, J. C. P. Língua-cultura na sala e na história. In.: MENDES, E. (org.) Diálogos interculturais: ensino e formação em português língua estrangeira. Campinas: Pontes Editores, 2011. p. 159 – 172.

ARAÚJO, A.A. de A; OLIVEIRA, A.C de. A imigração haitiana em Santo André (SP). Cadernos de Debates Refúgio, Migrações e Cidadania, v.10, n.10. Brasília: Instituto Migrações e Direitos Humanos, 2015.

BAKHTIN, M. (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BRASIL. Lei 13.445, de 24 de maio de 2017a. Institui a Lei de imigração. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13445.htm. Acesso em: 28 de ago. de 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum curricular. Brasília, DF, 2017b.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Visto humanitário para haitianos. Nota 87, 10 de abril de 2018. Disponível em: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/notas-a-imprensa/18622-visto-humanitario-para-haitianos. Acesso em: 28 de ago. de 2023.

BURKE, P. Hibridismo cultural. São Leopoldo; Editora Unisinos, 2008.

COTINGUIBA, M. L. P.; Cotinguiba, G. C. Imigração haitiana para

o Brasil: os desafios no caminho da educação escolar. Revista

Pedagógica, Chapecó, v. 17, n. 33, p. 61-87, jul./dez. 2014.

EDUCAÇÃO no Haiti continua excludente, privada e não tem previsão de mudança. Portal Aprendiz. [s.L}, 26 de maio de 2010. Disponível em: https://portal.aprendiz.uol.com.br/content/educacao-no-haiti-continua-excludente-privada-e-nao-tem-previsao-de-mudanca. Acesso em 22 de ago. de 2023.

FEITOSA, J. et al. Pode entrar: Português do Brasil para refugiados e refugiadas. São Paulo: [s.n.], 2015. Disponível em https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2018/02/Pode_Entrar_ACNUR-2015.pdf. Acesso em 23 ago. de 2023.

FERREIRA, L. C. Et Al. Língua de acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico Produção Editorial, 2019.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1985.

FOGLIATO, D. Refugiados ou imigrantes? Entenda diferenças entre venezuelanos e outros estrangeiros que chegam ao país. Sul 21. 8 set. 2018. Disponível em https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/geral/2018/09/refugiados-ou-imigrantes-entenda-diferencas-entre-venezuelanos-e-outros-estrangeiros-que-chegam-ao-pais/. Acesso em 22 ago. 2023.

GATTI, B. A. Formação de professores para o ensino fundamental: estudo de currículos das licenciaturas em pedagogia, língua portuguesa, matemática e ciências biológicas. São Paulo: FCC/DPE, 2009.

GREUEL, I.C. “[...] Falar é bom, mas entender, entender o que a professora tá falando (.) daí é outra coisa”: um estudo etnográfico sobre práticas de linguagem dos imigrantes haitianos em uma escola pública no município de Blumenau – SC. 2018. 178 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

GROSSO, M. J. Língua de Acolhimento, Língua de Integração. In: Horizontes de Linguística Aplicada. v. 9, n.2, p. 61-77, 2010. DOI: https://doi.org/10.26512/rhla.v9i2.886

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012.

LOPEZ, A. P. A. Subsídios para o planejamento de cursos de português como língua de acolhimento para imigrantes deslocados forçados no Brasil. Dissertação (Mestrado em Letras). Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais. 260 f. Belo Horizonte, 2016. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/RMSA-AJTNHQ. Acesso em 07 ago. 2023.

MARTINS, F. Sto. André está melhor que S. Paulo, diz haitiano. Diário do Grande ABC. 17 mai. 2014. Disponível em https://www.dgabc.com.br/Noticia/529694/sto-andre-esta-melhor-que-s-paulo-diz-haitiano. Acesso em 24 jun. 2018.

MENDES, E. Abordagem Comunicativa Intercultural (ACIN): uma proposta para ensinar e aprender língua no diálogo de culturas. Campinas: Pontes, 2004.

MENDES, E. A perspectiva intercultural no ensino de línguas: uma relação “entre-culturas”. In.: ALVAREZ, Maria Luisa O.; SILVA, Kleber A. da (Org.). Lingüística aplicada: múltiplos olhares. Campinas, SP: Pontes, 2007.

MUYLAERT C. J. et al. Entrevistas narrativas: um importante recurso em pesquisa qualitativa. Rev Esc Enferm São Paulo: USP 2014, p. 193-199.

OLIVEIRA, D.A. A preparação de imigrantes para o ENEM: relatos de experiência docente. In.: Ferreira, L. C. et al.(orgs.). Língua de acolhimento: experiências no Brasil e no mundo. Belo Horizonte: Mosaico, 2019.

RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

ROJO, R. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola, 2009.

ROJO, R; Moura, E. (orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v91i4pi-i

SANTO ANDRÉ. Secretaria de Educação. Componente Curricular de Língua Portuguesa: Princípios Norteadores da Ação Educativa. Santo André: Secretaria de Educação/ CEPEC, [s.d.].

SÃO BERNARDO, M. A. Português como língua de acolhimento: um estudo com imigrantes e refugiados no Brasil. 2016. 206 f. Tese (doutorado em Linguística). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.

SCHÜTZE, F. Pesquisa Biográfica e entrevista narrativa. In: Weller, W. & Pfaff, N. (Orgs.). Metodologias de pesquisa qualitativa na educação. Teoria e prática. Petrópolis: Vozes, 2010.

SOARES, M. A reinvenção da alfabetização. Presença Pedagógica. v.9. n.52. jul/ago, 2003.

SOARES, G. P. Alfabetização e letramento de crianças haitianas no contexto escolar: desafios da prática docente. Dissertação (Mestrado) – USCS, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Programa de Mestrado em Educação, 2020.

SOUZA, A.B.; BORTOLOTTO, C. C. Transformações urbanas e imigração haitiana: impactos do novo fluxo de imigração no Brasil. In.: SEMINÁRIO MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS, REFÚGIO E POLÍTICAS,12 de abril de 2016, São Paulo. Anais do Seminário Migrações internacionais, refúgios e políticas. São Paulo: UNICAMP; Memorial da américa Latina; Observatório das Migrações em São Paulo, 2016. Disponível em: https://www.nepo.unicamp.br/publicacoes/anais/arquivos/16_ABS.pdf. Acesso em: 18 de ago. de 2023.

VYGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. Martins Fontes: São Paulo, 1993.

WEISZ, T. O Diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática, 2009.

ZOZZOLI, C. D. A criança migrante no contexto escolar: uma análise centrada na afetividade. 143 f. Dissertação (mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2009.

Downloads

Publicado

2023-12-19

Como Citar

APARÍCIO Moço, A. S., SOARES Pimentel, G., & COSTA-RENDERS, E. C. (2023). O impacto da cultura escolar brasileira na alfabetização e letramento de crianças haitianas não falantes do português. Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 20(2), 82–116. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v20i2.1378